domingo, 28 de outubro de 2007

Hoje muda a hora. Estou cansada e os olhos ardem: todo o dia em frente ao computador... sim, já sei, por muito bonito que ele seja e que as teclas tenham um bater suave e as palavras corram assim, levezinhas... todo o dia agarrada ao computador faz destas coisas. Mói. Não mata. Mói.
Mas hoje muda a hora e posso fintar o sono e dormir mais uma hora roubada sabe-se lá a que forma do tempo e posso... acordar mais tarde. Fintar uma hora às horas todas. ou... também posso levantar-me mais cedo e fintar sessenta minutos inteiros ao dia de amanhã a quem condenaram uma hora perdida!
Hoje muda a hora e eu estou cansada mas também estou satisfeita com o dia e satisfeita comigo, portanto.
Trago aqui colada (ainda calada) uma frase que vai ficar neste dia em que esta coisa de medir o passear do Sol muda: uma hora a mais, uma frase nova, uma autora outra (Mildred Barthell), uma ideia apenas e um tudo grande nas palavras trazidas...
Cá vai ela:
...
Não, ainda não! Primeiro quero deixar outra ideia, de Eric Weil e sim, claro, e sim, do meu trabalho -
Se fosse necessário reduzir os fins da educação a um só, este seria o de, precisamente, dar ao Humano a oportunidade de levar uma vida que o satisfaça.

... vá lá, agora então, a tal:
A felicidade é uma escolha consciente, não uma resposta automática.
(Começo a crer que só pode ser... mesmo que isso da ideia de Felicidade me pareça uma coisa muiiiiito estranha... mas vá, seja!)

Mas, já agora, mais um autor (A. Giddens) e mais uma frase das que hão-de acompanhar-me para lá de qualquer dia marcado:
Nenhum de nós terá uma razão digna para viver se não tiver uma causa por que valha a pena morrer.

...
Digam lá que esta não é verdadeiramente acção política?!
Gosto disto! Gosto desgraçadamente disto... do poder das palavras!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

a proposito da UrbeCriativa

Ando às voltas com "um pensamento" sobre a minha cidade...

Que memória temos da Cidade? Por onde correm os sonhos de desenvolvimento que tínhamos iniciado quando adolescentes? Que fizemos por nós, pelos espaços, pelas pessoas em redor, pelo nosso berço?
Coimbra anda adormecida. Coimbra está demasiado quieta no tempo. Coimbra está a precisar urgentemente de um abrir de olhos fulgurante, um salto rápido num novo voo, uma partida iminente para outra vida: de novos desafios, de mais caminhos, de desejos de animação que contagiem e levem a ser maior, a ser melhor, cada um que aqui tenha nascido, cada um que as portas da cidade ouse ultrapassar.
Há uma ideia de (re)começo para Coimbra...


(... ... ... estou a começar a escrever isso mesmo... é bom que depois lhe dê asas e a "ideia" se faça acção
e dela se veja caminho!)

((escritos muito a propósito do blog vizinho:
urbecriativa.blogspot.com
aqui ficam os meus começos, também.))

palavras de outros

“The real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes but in having new eyes.”

Marcel Proust in Remembrance of Things Past

domingo, 7 de outubro de 2007

palavras de outros recriadas

Sabiam que Freud definiu a "maturidade" como capacidade de amar e trabalhar?!...

_ _ _ eu não gosto desta ideia de "maturidade". Sempre me pareceu que tender para o amadurecimento era meio caminho andado para vir a cair de pôdre... mas isto sou eu, que tenho a mania de dar "poder às palavras"! :) _ _ _

Bom, mas voltando...
Mais ou menos partindo desses dois valores incontornáveis,

Há autores que crêem que
os adultos mudam quando desejam mudar,
outros autores, por outro lado, crêem que só se muda quando as condições (ou as circunstâncias) se alteram...

Ainda alguns teóricos defendem que a mudança é inevitável
e fazem parte do processo de desenvolvimento

na verdade...
passamos a vida a experimentar fases de transição. Nada é certo. Nada é seguro. Nada permanece...
Importa saber manter a integridade - quem se é - e viver, cada transição, no sentido do desenvolvimento pleno de quem, verdadeiramente, se deseja vir a ser.
...
Voltarei a estas palavras. Ou não fosse este O meu trabalho! ;)

palavras de outros

Chaminé que construísse em minha casa
não seria para sair o fumo,
mas para entrar
o céu.


(Dito do avô Celestiano)

- um destes dias também hei-de trazer ditos do meu Avô!
se bem que partilhar o meu Avô nunca foi coisa que me agradasse muito: É O MEU Avô! :) -

palavras de outros

Deus é assunto delicado de pensar,
faz conta um ovo:
se apertarmos com força parte-se,
se não seguramos bem cai.

Avô Celestiano, reinventando um velho provérbio Macua

(acho que é mais ou menos isto com, no lugar de Deus, gente
e no sítio de ovo, pessoa...
mas isto sou eu a pensar, claro!)

dia de acordar

A carta que queria ser capaz de escrever é esta.
Uma linha infindável de letras e ideias e palavras que me contem nova, que me digam e digam de mim... melhor.
Sou um desastre a lidar com o tempo. Sou uma lástima a combinar-me a mim e aos dias. Sou péssima contadora de sequências lógicas da vida. Misturo tudo e perco-me (tantas vezes) de mim.
Este desejo de acordar tem sido demorado. Esperado. Longo. Cansado. Está doente mas em luta. Está triste mas a procurar luz. Está fragilizado mas decidido a aguentar o embate... oh... e se o murro vai ser duro!
Quero Acordar.

Hoje, finalmente, percebi que tenho de acordar. Quero Acordar.
Se isso significa que tenho de deixar tudo para trás, deixarei. Se isso significa que tenho de largar tudo que me mantém, largarei. Se isso obriga a ver-me sozinha de todos mas, até que enfim, comigo... assim serei.
Chega!
Hoje é dia de acordar!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Disseste-me que queres que te escreva uma carta de amor...

Uma carta de amor encomendada assim, de rompante, sem razão aparente, sem papel de escrita ou pena com que escrever... (mas que pena, mas qual pena, se de amor se trata e de palavras escritas se fará a história?)

Uma carta deve ser coisa com endereço acordado, ou não?
Uma carta que sabe ter à espera, lá do outro lado, alguém que a vai ler, é uma carta com alvo conhecido e exterior a quem escreve, será?

Mas uma carta de amor escrita num teclado, por bonito e luminoso que seja o teclado, não é uma carta de amor como as que o Pessoa afirmava serem necessariamente ridículas... ou, pelo contrário, é mais ainda?
Uma carta que se escreve a medo, devagarito, a enredar o início e a adiar o começo. A medo e cheia de medo. Medo do medo e medo de não saber largar a prisão de ter esse medo... de experimentar o amor.

Uma carta de amor tem de começar a dirigir-se a nós mesmos, a quem se escreve e se entrega nessa vida paralela a que chamarão (os raros que possam reconhecê-lo) amor.
Como poderá escrever-se uma carta de amor, alguém que não conheça verdadeiramente isso a que assim chamam?
Poderei, eu, escrever uma carta de amor? Eu, que passo a vida a apaixonar-me subitamente pelo mais ínfimo pormenor da personalidade de tantas pessoas, os sorrisos, os olhos, os gestos, as palavras... dos outros.

Disseste-me que queres que te escreva uma carta de amor...

Fá-lo-ei. Aliás, é certo que não paro enquanto não tiver elaborado uma carta perfeita, uma carta cheia, uma carta que conte do amor e que me conte pelo amor. Vou escrever-te uma carta que me escreverá a mim.

Uma carta de amor não tem de ser um extracto de impressões de alguém por alguém ou de alguém por alguma coisa. Tem de ser um pedaço, um momento, o instante, em que alguém se vê contado em palavras que são raras, em letras largadas à solta, como se o vento ao papel chegasse e as pudesse fazer voar.

Uma carta de amor é uma folha de registo de alguém sobre si. É uma folha de intenções da pessoa que se escreve, ali.
Uma carta de amor feita escrita por alguém que não lhe sabe reconhecer a cor, é uma aventura, uma evasão, um salto, uma corrida, uma batida mais descompassada do coração.

Sei lá o que será isso... essa coisa tão cantada, esse estado dito encantado, esse tempo maluco nos descaminhos dos dias e das vidas e das histórias e das lembranças de toda a gente... também das minhas?

Uma escrita feita tarefa de descoberta... talvez lhe encontre o fio e recomponha a linha torcida em que se transformou isto que vem sendo a minha escrita.

Uma carta, qualquer que seja o seu ponto de partida, deve ter sempre uma imagem associada, um símbolo, uma impressão, uma cor, uma música, um estado de alma que se conte em mais que uma expressão.

Uma carta de amor tem, imprescindivelmente, a lua cheia a iluminá-la. Hoje é noite de lua louca, de lua gorda, de lua feita luz. Hoje é, inevitavelmente, a noite certa para escrever esta que será, pela certa, a última carta antes de completar mais um ano, a primeira que se faz de mote alheio.

Toda a gente já escreveu cartas destas, as ditas ridículas.
Toda a gente já sentiu, pelo menos de levezinho, isso a que alguém convencionou dizer ser d’o amor.
Toda a gente já experimentou, pelo menos no rompante breve, o sufocar do olhar ali num exacto instante.
Toda a gente?