sábado, 8 de dezembro de 2007

mais palavras de Outros

Já tinha contado que gosto imenso de dar umas voltas pelas escritas de alguns filósofos?... pois é. Gosto. Demasiado... se bem que nunca é demasiado gostar! :)
Então cá ficam umas palavras
(hoje de Bertrand Russell!)

"O mundo é um lugar confuso, contendo coisas agradáveis e desagradáveis, em desordenada sequência."
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e há mais:

Diz, Bertrand Russell, que a inquietação emocional é uma forma de medo e, sendo que todas as formas de medo produzem fadiga e, que toda a fadiga é forma de infelicidade... o que importa é saber/conseguir pensar nas "coisas" no momento certo!

Mesmo que não se consiga logo encontrar o momento certo para cuidar uma inquietação, importa treinar este princípio! Tudo se aprende... e pode aprender-se a conseguir fazer assim, dar tempo a cada coisa sendo que cada "coisa" tem o seu tempo para nos inquietar!
:) Isto bateu-me no fundo das angústias em que, tantas vezes, gastei de mim sem as solucionar... estou em exercício!

Mas ainda há mais:

"O segredo da felicidade é o seguinte: deixai que os vossos interesses sejam tão amplos quanto possível, e deixai que as vossas reacções em relação às coisas e às pessoas que vos interessam sejam tão amistosas e tão pouco hostis quanto possam ser."
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(acho que, à partida, sou feliz! ;) se bem que...
o meu erro deve ter andado por aqui: usei deste princípio mesmo em relação a quem não me interessava por aí além...
convencida que estive, sempre, de toda a gente poder interessar-me tanto!)

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(se vos apetecer, é tudo de: A Conquista da Felicidade, Guimarães Editores.)
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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

(meu) S. Tome

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– “Senhor Manuel!” – Chamava Olívia, – “Senhor Manuel!” – gritava a petiza como se fosse preciso acordar toda a praia…
– “a menina nasceu!”

Professor Manuel lá estava, nas suas obrigações da manhã, calcorreando as frentes da praia, em busca dos meninos perdidos que não acompanhavam lição por ter de sair na faina, madrugada ainda.
À volta
quase sempre assim encontravam, Professor Manuel, feito pescador de caderno e lápis, feito mestre de navio fantasma de escola…
Era ele um homem jovem, que tinha aportado ali sem se saber ao certo porquê.
Talvez fugido dele mesmo, talvez fugido de não saber quem queria ser, como tinha vivido até ao dia em que a sereia ali dera à costa. Partindo daí

todo ele se fizera novo, todo ele se preparava de feição à manhã.
A sereia grávida que ninguém conhecia… e que o baptizara como nunca antes ouvira.

Esta era apenas mais uma caminhada do sol levantado como as outras todas, o professor ali andava, no seu passo largo pela areia molhada, parando aqui e ali, esclarecendo dúvida dali e mais daqui.

Mas a voz que o chamava levava grito desventuroso contido…
então o professor Manuel correu de um fôlego só e
foi já na porta de casa que alguma mancha de ensombrar sonhos percebeu.

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sábado, 17 de novembro de 2007

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O Tempo prende-nos e lança-nos em ventanias doidas, tantas vezes.
Chego e logo parto. Vou e nunca de cá saio.
Sou viciada em histórias pequeninas.
Em acasos curiosos que nunca são coisas do imprevisto.
Compomos tudo... Os dias. Todas as horas. A nós. Aos outros.

Se me fosse possível voltar atrás até onde iria?
Aos 16 anos. É certo. Aos 16 anos.
Passei toda a vida – dita adulta – a afirmar a sobriedade da minha adolescência.
A força. O empenho. A certeza. A vontade. A capacidade extraordinária da paixão.

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Tenho saudades dessa forma de Ser sobriamente Louca!

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segunda-feira, 12 de novembro de 2007

que raiva: tudo so um pouco.

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O tempo e o vazio, a ideia de nada ou o próprio nada preocupam-me desde que me lembro de ser gente.
Quando era muito miúda costumava acordar com uma dúvida maior que eu e sobre a qual nunca me atrevi a abordar nenhum adulto... costumava questionar-me onde caberia o primeiro grão se antes dele nada havia...
Ainda hoje não sei o que fazer do nada.

Ainda hoje não sei o que fazer de coisa-pouca. Do poucochinho...
Desde que me lembro de ser gente que só sei lidar com o tudo, com o muito, com o tanto, com o profundo mais fundo dos sentidos.
Do medo. Do desejo. Do querer. Do chorar. Do procurar. Do ter. De deixar.
Nunca saberei ver-me no meio do meio. Do mais-ou-menos. Do assim-assim. Fui sempre ou tudo ou nada...

e o nada aterroriza-me mas tranquiliza-me___ com o nada sei que fazer: Questiono-me!
Pergunto-me sempre e cada vez mais. Indago. Desejo saber. Espero descobrir. Desvendar a razão. Pelo menos, uma razão... se existir.

Sou agarrada a algumas coisas dos dias.
A esta coisa “maligna” a que chamamos Tempo. Por exemplo.
A roupa colorida e ando muito só de preto.

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domingo, 11 de novembro de 2007

sempre as palavras que ainda nao disse

Alguém a pedir que se abra a última porta da noite…
É o final de um livro, bem sei, mas é o começo de uma inquietação, talvez.

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Há muitas palavras por dizer.
De cada vez que me acontece sufocar ideias, desejos, medos, dúvidas,
Fico assim...
Com demasiadas palavras caladas e retidas na ponta dos dedos, como se fosse impossível dar-lhes vida e elas se sentissem no direito de me roer por dentro,
até sair.

Há qualquer coisa que não digo
Há qualquer coisa que não me é contada
Há muitas ideias em reboliço ao meu redor.
Há janelas fechadas.

Tem de haver uma porta (será a última?),
na noite,
que se abra e me deixe seguir.
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domingo, 28 de outubro de 2007

Hoje muda a hora. Estou cansada e os olhos ardem: todo o dia em frente ao computador... sim, já sei, por muito bonito que ele seja e que as teclas tenham um bater suave e as palavras corram assim, levezinhas... todo o dia agarrada ao computador faz destas coisas. Mói. Não mata. Mói.
Mas hoje muda a hora e posso fintar o sono e dormir mais uma hora roubada sabe-se lá a que forma do tempo e posso... acordar mais tarde. Fintar uma hora às horas todas. ou... também posso levantar-me mais cedo e fintar sessenta minutos inteiros ao dia de amanhã a quem condenaram uma hora perdida!
Hoje muda a hora e eu estou cansada mas também estou satisfeita com o dia e satisfeita comigo, portanto.
Trago aqui colada (ainda calada) uma frase que vai ficar neste dia em que esta coisa de medir o passear do Sol muda: uma hora a mais, uma frase nova, uma autora outra (Mildred Barthell), uma ideia apenas e um tudo grande nas palavras trazidas...
Cá vai ela:
...
Não, ainda não! Primeiro quero deixar outra ideia, de Eric Weil e sim, claro, e sim, do meu trabalho -
Se fosse necessário reduzir os fins da educação a um só, este seria o de, precisamente, dar ao Humano a oportunidade de levar uma vida que o satisfaça.

... vá lá, agora então, a tal:
A felicidade é uma escolha consciente, não uma resposta automática.
(Começo a crer que só pode ser... mesmo que isso da ideia de Felicidade me pareça uma coisa muiiiiito estranha... mas vá, seja!)

Mas, já agora, mais um autor (A. Giddens) e mais uma frase das que hão-de acompanhar-me para lá de qualquer dia marcado:
Nenhum de nós terá uma razão digna para viver se não tiver uma causa por que valha a pena morrer.

...
Digam lá que esta não é verdadeiramente acção política?!
Gosto disto! Gosto desgraçadamente disto... do poder das palavras!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

a proposito da UrbeCriativa

Ando às voltas com "um pensamento" sobre a minha cidade...

Que memória temos da Cidade? Por onde correm os sonhos de desenvolvimento que tínhamos iniciado quando adolescentes? Que fizemos por nós, pelos espaços, pelas pessoas em redor, pelo nosso berço?
Coimbra anda adormecida. Coimbra está demasiado quieta no tempo. Coimbra está a precisar urgentemente de um abrir de olhos fulgurante, um salto rápido num novo voo, uma partida iminente para outra vida: de novos desafios, de mais caminhos, de desejos de animação que contagiem e levem a ser maior, a ser melhor, cada um que aqui tenha nascido, cada um que as portas da cidade ouse ultrapassar.
Há uma ideia de (re)começo para Coimbra...


(... ... ... estou a começar a escrever isso mesmo... é bom que depois lhe dê asas e a "ideia" se faça acção
e dela se veja caminho!)

((escritos muito a propósito do blog vizinho:
urbecriativa.blogspot.com
aqui ficam os meus começos, também.))

palavras de outros

“The real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes but in having new eyes.”

Marcel Proust in Remembrance of Things Past

domingo, 7 de outubro de 2007

palavras de outros recriadas

Sabiam que Freud definiu a "maturidade" como capacidade de amar e trabalhar?!...

_ _ _ eu não gosto desta ideia de "maturidade". Sempre me pareceu que tender para o amadurecimento era meio caminho andado para vir a cair de pôdre... mas isto sou eu, que tenho a mania de dar "poder às palavras"! :) _ _ _

Bom, mas voltando...
Mais ou menos partindo desses dois valores incontornáveis,

Há autores que crêem que
os adultos mudam quando desejam mudar,
outros autores, por outro lado, crêem que só se muda quando as condições (ou as circunstâncias) se alteram...

Ainda alguns teóricos defendem que a mudança é inevitável
e fazem parte do processo de desenvolvimento

na verdade...
passamos a vida a experimentar fases de transição. Nada é certo. Nada é seguro. Nada permanece...
Importa saber manter a integridade - quem se é - e viver, cada transição, no sentido do desenvolvimento pleno de quem, verdadeiramente, se deseja vir a ser.
...
Voltarei a estas palavras. Ou não fosse este O meu trabalho! ;)

palavras de outros

Chaminé que construísse em minha casa
não seria para sair o fumo,
mas para entrar
o céu.


(Dito do avô Celestiano)

- um destes dias também hei-de trazer ditos do meu Avô!
se bem que partilhar o meu Avô nunca foi coisa que me agradasse muito: É O MEU Avô! :) -

palavras de outros

Deus é assunto delicado de pensar,
faz conta um ovo:
se apertarmos com força parte-se,
se não seguramos bem cai.

Avô Celestiano, reinventando um velho provérbio Macua

(acho que é mais ou menos isto com, no lugar de Deus, gente
e no sítio de ovo, pessoa...
mas isto sou eu a pensar, claro!)

dia de acordar

A carta que queria ser capaz de escrever é esta.
Uma linha infindável de letras e ideias e palavras que me contem nova, que me digam e digam de mim... melhor.
Sou um desastre a lidar com o tempo. Sou uma lástima a combinar-me a mim e aos dias. Sou péssima contadora de sequências lógicas da vida. Misturo tudo e perco-me (tantas vezes) de mim.
Este desejo de acordar tem sido demorado. Esperado. Longo. Cansado. Está doente mas em luta. Está triste mas a procurar luz. Está fragilizado mas decidido a aguentar o embate... oh... e se o murro vai ser duro!
Quero Acordar.

Hoje, finalmente, percebi que tenho de acordar. Quero Acordar.
Se isso significa que tenho de deixar tudo para trás, deixarei. Se isso significa que tenho de largar tudo que me mantém, largarei. Se isso obriga a ver-me sozinha de todos mas, até que enfim, comigo... assim serei.
Chega!
Hoje é dia de acordar!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Disseste-me que queres que te escreva uma carta de amor...

Uma carta de amor encomendada assim, de rompante, sem razão aparente, sem papel de escrita ou pena com que escrever... (mas que pena, mas qual pena, se de amor se trata e de palavras escritas se fará a história?)

Uma carta deve ser coisa com endereço acordado, ou não?
Uma carta que sabe ter à espera, lá do outro lado, alguém que a vai ler, é uma carta com alvo conhecido e exterior a quem escreve, será?

Mas uma carta de amor escrita num teclado, por bonito e luminoso que seja o teclado, não é uma carta de amor como as que o Pessoa afirmava serem necessariamente ridículas... ou, pelo contrário, é mais ainda?
Uma carta que se escreve a medo, devagarito, a enredar o início e a adiar o começo. A medo e cheia de medo. Medo do medo e medo de não saber largar a prisão de ter esse medo... de experimentar o amor.

Uma carta de amor tem de começar a dirigir-se a nós mesmos, a quem se escreve e se entrega nessa vida paralela a que chamarão (os raros que possam reconhecê-lo) amor.
Como poderá escrever-se uma carta de amor, alguém que não conheça verdadeiramente isso a que assim chamam?
Poderei, eu, escrever uma carta de amor? Eu, que passo a vida a apaixonar-me subitamente pelo mais ínfimo pormenor da personalidade de tantas pessoas, os sorrisos, os olhos, os gestos, as palavras... dos outros.

Disseste-me que queres que te escreva uma carta de amor...

Fá-lo-ei. Aliás, é certo que não paro enquanto não tiver elaborado uma carta perfeita, uma carta cheia, uma carta que conte do amor e que me conte pelo amor. Vou escrever-te uma carta que me escreverá a mim.

Uma carta de amor não tem de ser um extracto de impressões de alguém por alguém ou de alguém por alguma coisa. Tem de ser um pedaço, um momento, o instante, em que alguém se vê contado em palavras que são raras, em letras largadas à solta, como se o vento ao papel chegasse e as pudesse fazer voar.

Uma carta de amor é uma folha de registo de alguém sobre si. É uma folha de intenções da pessoa que se escreve, ali.
Uma carta de amor feita escrita por alguém que não lhe sabe reconhecer a cor, é uma aventura, uma evasão, um salto, uma corrida, uma batida mais descompassada do coração.

Sei lá o que será isso... essa coisa tão cantada, esse estado dito encantado, esse tempo maluco nos descaminhos dos dias e das vidas e das histórias e das lembranças de toda a gente... também das minhas?

Uma escrita feita tarefa de descoberta... talvez lhe encontre o fio e recomponha a linha torcida em que se transformou isto que vem sendo a minha escrita.

Uma carta, qualquer que seja o seu ponto de partida, deve ter sempre uma imagem associada, um símbolo, uma impressão, uma cor, uma música, um estado de alma que se conte em mais que uma expressão.

Uma carta de amor tem, imprescindivelmente, a lua cheia a iluminá-la. Hoje é noite de lua louca, de lua gorda, de lua feita luz. Hoje é, inevitavelmente, a noite certa para escrever esta que será, pela certa, a última carta antes de completar mais um ano, a primeira que se faz de mote alheio.

Toda a gente já escreveu cartas destas, as ditas ridículas.
Toda a gente já sentiu, pelo menos de levezinho, isso a que alguém convencionou dizer ser d’o amor.
Toda a gente já experimentou, pelo menos no rompante breve, o sufocar do olhar ali num exacto instante.
Toda a gente?

domingo, 30 de setembro de 2007

Ha uma ilha

Gosto das ondas dos dias. Gosto mais ainda das ondas dos desejos. Gosto do vai e vem do querer e não querer. Gosto da oscilação do vento ora forte ora brisa. Gosto das dúvidas que vão e partem. Gosto de saber que tudo gira tudo muda tudo é tempo. Gosto de saber que o tempo cura e que a cura está já ali à espera. Gosto da viagem até ao mar. Gosto de lhe sentir o marulhar mesmo antes de lá chegar. Gosto de partir. Gosto de ir. Gosto de me fazer à estrada e nada saber.

Só não suporto ficar...

Estou de partida outra vez. Estou de chegada repetida a fins que não percebo a histórias que não sei dizer. Estou de esperanças viradas do avesso. Estou sem norte e sem caminho. Estou numa encruzilhada de um destino que nem sei.

Sou quem não fica e vou estando. Sou quem não quer mas persigo o desejo. Sou quem perde a bússola e deixa o mapa voar. Sou quem nunca sabe quem nunca lembra quem nunca deixa. Sou quem sempre vai de partida. Sou quem sente que ainda não foi agora a hora de ficar. De saber ficar.

Tenho uma ilha à margem de mim. Tenho um arquipélago longo demais a chamar-me há eras demais. Tenho tudo demais e tudo em falta profunda em medo imenso. Tenho esperanças e angústias à solta iguais. Tenho o que vou sendo e perco tudo que se vai esfriando. Tenho o tempo contado e a vida largada num turbilhão parado.

Parar. Tudo que não sei como conseguir.
Parar. Nada do que vou criando encaminha passos para sair deste lugar. Parado.

Há uma ilha aí, algures, nem que seja longe do mar.

(escrito em Agosto e encontrado agora...)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

A Outra Vez...

A Outra Vez
É como todas as coisas que se fazem, que se dizem, que se escrevem, que se pensam
... talvez

Este blog ficou com um nome estranho.
Quase maluco.

Pensei-O como um espaço de exercício.
Só isso. Como um treino de letras,
um treino de coisas escritas,
um armazém de ideias que só nas teclas ganham forma.

Na verdade...
este nome vai dar-me cabo da paciência.
Não costumo gostar de nomes pouco pensados.
Deve ser das poucas coisas na vida que não aprecio pouco reflectidas... os nomes.

mas não importa.
por hoje, nada mais importa.
Recriei-me ao recriar este espaço.
digo eu... e eu não sou certa quando digo que renasço outra vez, mais uma vez, até ao dia em que (talvez) venha a sentir que nasci... De Vez!

Para já, é só assim. É só isto.
Uma chegada.
em pés de lã...