quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

a escrever. Outra vez

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Estou a escrever outra vez.
Há uns dias,
quando percebi que, afinal, há mesmo afectos que nos desamparam as ordens e nos alteram os dias, desse dia, para sempre,
Nesse dia,
voltei a pegar na escrita e a deixar letras dizerem de mim.
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Hoje,
Fui ver O Menino de Cabul
e percebi que, inevitavelmente, há “coisas” imprescindíveis da vida que antes não conhecia.
Agora tenho ali ao lado o livro...
e, como sempre, há as coisas inadiáveis dos dias que me vão impedir de lhe pegar ao colo e levar a história mais longe. E de me levar a mim... (esse pedacinho está em espera.)
Contudo...
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Passa das 0horas e é 20 de Fevereiro... Hoje – sim, hoje, este hoje de calendário, de hora que dobra as datas e nos desdobra em obrigações, corridas e canseiras ou... Também! Também instantes únicos, irrepetíveis ainda que potencialmente perpetuáveis... – Então,

Hoje, 20 de Fevereiro é Dia da Resistência Não Violenta

E faça-se nota da tão cada vez mais necessária disponibilidade para parar e pensar, parar e progredir, parar para fazer mais, fazer melhor...
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Andei às voltas das palavras de Luther King, Gandhi, Buber... passo sempre no Sartre e nunca me esqueço das andanças do Sepúlveda... – sim, sim, este resiste e parte a cara a outros, eu sei... mas tem histórias que são marcos, tem pedaços de coisas escritas que são símbolos... é a esses que me reporto quando me deixo levar pela ideia do Ser-Aí, do estarmos condenados a ser livres, do termos (incontornavelmente) que vir a responder por termos (ou não) sido completa, absolutamente, estes e estas que “desejamos” ser... – embora saiba que

Não sei que baste de tudo quanto deixou claro Luther King,
não sei se consigo saber bem fundo a força necessária para resistir como Gandhi fez,
não sei se consigo chegar à beira do que fazia ser, M. Buber, tão capaz de perspectivar o olhar do outro,
não sei de Heidegger que baste para ir por aí à solta com as minhas frases de sempre que Sartre escreveu ou se me aguentava no embate da chuva por muito que voar desejasse... como a gaivota do gato que o Sepúlveda contou...

Sei que acredito nesta Coisa Simples como pôs em palavras o Giddens:
“Nenhum de nós terá uma razão digna para viver se não tiver uma causa por que valha a pena morrer.”
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Há formas de vida que conheço há pouco,
Há realidades que não suspeitava vir a encontrar (até em mim. Ou de mim)
Há razões pelas quais acções imediatas têm de se fazer valer...

O único modo que identifico capaz de realizar Resistência e Não Violência é a acção da Cultura.
o reforço das práticas culturais.
é que
Só gente culta percebe O Outro.
Só gente capaz de olhar Sabe Ver.
Só gente que sente pode ser... Pessoa.
e, plenamente,
Viver!
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