domingo, 20 de dezembro de 2009

Saltar um ano à vida

Este já não é o nome certo para o que pense ou escreva a partir daqui e para o resto da vida:
A minha aventura é absolutamente nova agora.
Bem vista a vida, nunca antes me atrevera a nada como este ano, milagrosamente, aconteceu. (e eu nem sou de acreditar em milagres!)
Como hei-de chamar ao caderno de escritas, então?
Não decidi, ainda.
Logo que me lembre do nome perfeito a dar-lhe, cá voltarei.
Vou agora a outras escritas, críticas. Teorias críticas... urgentes, é tudo que, para já, sei.

Passou mais de um ano!
Um tempo em que as palavras foram ficando quietas e caladas sem se deixarem ver o Sol.
... e agora é Dezembro, mais uma vez, o Sol intermitente e as letras a quererem chegar à luz, finalmente.
Começa tudo a voltar a respirar.


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Começaram a puxar por mim, lá no outro lugar onde trato outra forma de ser professora! :)

De tanto andar às voltas com o que é o trabalho lectivo, fui parar a leituras antigas d'O Trabalho Amoroso - Elogio da incerteza, de Max Pagès, e da saudade que tenho do meu professor e amigo Jacques Houart... (ligo-lhe daqui a pouco, está visto!)
Bom, mas diz assim, lá o tal livrinho:

(de acordo com Fritz Perls) "... o organismo humano é um sistema aberto cujo funcionamento depende materialmente da fluidez das permutas consigo próprio e com o ambiente. ..." (p. 70)

E o tal livrinho fala dos gestos e de como os gestos são necessários, inevitáveis, urgentes!
conta assim (p. 41):

"Cada gesto é necessário e leva a outros gestos
desconhecidos, necessários também,
que levam a outros gestos e a outros ainda
desconhecidos
..."

E depois fala do amor. E os gestos que ficam por fazer levaram esta minha forma louca de relacionar histórias com uma coisada que já não sei bem se é no Cinema Paraíso que está deliciosamente retratada e que passo a vida a pensar que é o que justifica a minha permanente perda do melhor lugar de estacionamento...
sim, descobri que é uma parábola que R. Barthes conta no Fragmentos de um Discurso Amoroso:
Reza assim:

Diz o Barthes que "... fazer esperar é prerrogativa constante de quem tudo pode, passatempo milenário da humanidade..." ora eu tenho p'ra mim que é mais como os britânicos têm por apanágio: há que ser pontual! :)

Bom, mas diz a tal história citada no Fragmentos,

"Um mandarim estava apaixonado por uma cortesã. 'Serei vossa, diz ela, quando tiverdes passado cem noites à minha espera, sentado num tamborete, no meu jardim, debaixo da minha janela.' Mas, à nonagésima nona noite, o mandarim levantou-se, pôs o tamborete debaixo do braço e foi-se embora."

Isto é mesmo um risco, não é?...
E eu tenho cá uma perícia na perda do lugar...


domingo, 23 de novembro de 2008

A Eternidade ou o Tempo

...
tal como o vivemos?
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Li ali, por acaso (ou não, que isto do acaso também tem que se diga!), mas li mais ou menos assim
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"Penso nas coisas que poderiam existir e não existiram.
...
A história sem o rosto de Helena.
O homem sem os olhos, que nos ofereceram a lua.
...
O amor que não partilhámos.
...
O outro corno do Unicórnio.
A ave fabulosa da Irlanda, que está em dois lugares ao mesmo tempo.
O filho que não tive."

do Grande Borges,
e, também com o mesmo Homem das palavras,

"... O tempo é um problema para nós, um tremendo e exigente problema..."

e então dei comigo a pensar que, efectivamente, o tempo é o grande sarilho dos dias!
esta coisa de não ter tempo e ter sempre tempo a mais para coisa nenhuma. 
Não ter tempo vital e ter horas sem fim para o que urge cumprir nunca chegando para isso.
e sinto cada vez mais longe tudo e de tantas maneiras.
O ar arrasta-me e a luz mais ténue teima enganar-me.
Como se visse sorrisos luminosos onde, afinal, são sombras que se misturam.
Teimar uma emoção que cria é outra forma de 
sentir,
não?

Esta Semana Cultural ainda me vai dar mais nós na cabeça! :)
mas quem me manda a mim, sapateira, tocar rabecão?!

Sei lá...
mas também não é isso que quero saber.
O tempo há-de gastar-se (hei-de gastá-lo) em diferente fogueira
.
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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Sentir tudo de todas as maneiras

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Há palavras que não digo. Há palavras que quase nunca escrevo. Há ideias que me escapam. Há desejos que já esqueço. Há vontades que reconheço. Há um sonho que não esmoreço. 
E
também há as palavras que só digo baixinho.
as palavras que quando escrevo são um desalinho.
as ideias que fogem (quase que a medo).
Os desejos que afinal lembro...
as vontades que sei que sei!
O sonho que acalento.
E as palavras que, se não digo, sinto.
E as palavras que, não escrevo, vivo.
as ideias agarradas com mão inteira, os desejos seguros e, por isso, soltos.
a vontade como um sonho que escolho.
Finalmente acordo.
É Hoje.
Agora
estremeço
Sinto tudo.
E sinto mais e 
de todas as maneiras

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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sol

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As previsões são de Sol para toda a semana.
Felizmente.
Preciso de Sol.
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Também parece que vai estar um friozinho considerável...
Mas até isso estará certo.
Preciso é que haja Sol.
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Como em
Perto do Coração Selvagem (sim, o livro de Clarice Lispector)
Lá, pode ler-se assim:

"Papai, inventei uma poesia.
Como é o nome?
Eu e o Sol - sem esperar muito recitou:
As galinhas que estão no quintal já comeram duas minhocas mas eu não vi.
Sim? Que é que você e o Sol têm a ver com a poesia?
Ela olhou-o um segundo. Ele não compreendera...
O Sol está lá em cima das minhocas, papai, e eu fiz a poesia e não vi as minhocas...
(Pausa)
Posso inventar outra agora mesmo: "Ó Sol, vem brincar comigo"
Outra maior:
Vi uma nuvem pequena
coitada da minhoca
Acho que ela não viu
...
Lindas, pequena, lindas. Como é que se faz uma poesia tão bonita?
Não é difícil, é só ir dizendo."

...
É assim... eu preciso que o Sol fique.
Mas já tinha dito isso, não?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Uma data memorável...

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Quando é fundamental, há sempre tempo para dizer o imprescindível:
Chegou a Mudança!

Caramba... hoje tenho de dar os Parabéns aos Americanos :)
(e que bem me sabe fazê-lo!)


||Curiosidade maluca de quem gosta de números:
nasceu a 4
foi eleito a 4
É o 44º Presidente! ;)||

sábado, 11 de outubro de 2008

Será...

Será que as histórias para crianças lhes mostram que há solução para todos os problemas? Quero dizer, será que servem para dar pistas, conferir esperança, garantir saídas, escapatórias, alternativas?
Ouvi alguém dizer que as histórias de infância com dragões não foram escritas para dizer aos pequenitos que os dragões existem, pelo contrário! Servirão é para garantir que, por muito perigo que possa anteceder a solução, é possível derrotar aquele fogo, as patorras grandes e destruidoras, o medo e os medos...
Será que os contos para crescidos também trazem olhares novos sobre como dar a volta aos sarilhos maiores?


(Tenho de reler - mas desta vez no original - Great Expectations - de Charles Dickens, e The Phantom of the Opera - de Gaston Leroux que nasceu 100 anos antes de mim... como não os encontrei logo, resolvi experimentar outro... e dei de caras com Kenneth Grahame e The Wind in the Willows!  Que escreveu também The Reluctant Dragon e, lá está, nas histórias para crianças tudo é possível! )